Bettina Winkler

A Caverinha decidiu ser a primeira editora a me mandar recebidos e, como se não bastasse, me surpreenderam com três livros que estão prometendo TUDO!

O INFERNO QUE NOS PERSEGUE

A começar pelo nome e pela capa, em seguida com uma premissa cheia de polêmica e pautas importantes, tudo no caos do macabro, é evidente. Esse lançamento da Darkside me envolveu demais, e pra complementar, no press kit ainda veio uma pena e uma corrente com chave e cadeado. Tem como não ficar curioso?

E um segredo que conto pra vocês, minha vó leu o posfácio desse livro e simplesmente amou. Implorei para ela não me dar spoiler haha.

Um furioso romance de estreia sobre a importância de enfrentar o inferno da opressão e do preconceito

Benji, um garoto trans de dezesseis anos, está fugindo do culto que o criou — a seita fundamentalista que desencadeou o Armagedom e dizimou a população mundial — e procurando desesperadamente por um lugar onde o culto não consiga colocar as mãos nele ou, mais importante, na arma biológica com a qual o infectaram.

Encurralado por monstros nascidos da destruição, Benji é resgatado por um grupo de adolescentes do Centro LGBTQIA+ local de Acheson, carinhosamente conhecido como ALC. O líder do ALC, Nick, é lindo, autista e um atirador mortal, e conhece o segredo mais sombrio de Benji: a arma biológica do culto está transformando-o em um monstro mortal o suficiente para varrer a humanidade da Terra de uma vez por todas.

Ainda assim, Nick oferece abrigo a Benji entre seu grupo de adolescentes queer, desde que Benji possa controlar o monstro e usar seu poder para defender o ALC. Ansioso por pertencimento, Benji aceita os termos de Nick… até descobrir que o misterioso líder do ALC tem uma intenção oculta e seus próprios segredos.

O Inferno que nos Persegue é um triunfo literário. Com uma prosa inventiva que dá vida a personagens diversos e cheios de camadas e um enredo envolvente, o premiado romance de Andrew Joseph White é uma experiência imersiva em um mundo distópico que mistura elementos de body horror, monstros arrepiantes e abuso religioso.

“Escrevi este livro por alguns motivos”, afirma White em uma nota introdutória. “Porque queria que houvesse mais histórias sobre meninos como eu. Porque eu estava com raiva. Porque eu ainda estou com raiva. Mas, principalmente, eu queria mostrar para as crianças queer que elas podem atravessar o inferno e sair vivas. Talvez não inteiras, talvez transformadas para sempre, porém, ainda assim, vivas e dignas de amor”.

O poeta e tradutor floresta, que traduziu a obra e assinou um posfácio sobre o romance, assim o define: “O Inferno que nos Persegue é um convite e um alerta para refletirmos sobre os nossos tempos. O livro nos oferece diversas oportunidades para repensarmos o que nós podemos fazer na criação de mundos melhores, de que forma podemos agir em nosso dia a dia para evitar a chegada de um fim de mundo simbólico ou muito real para nós e para as pessoas ao nosso redor”.

Considerado o livro do ano pela New York Public Library e pela Publishers Weekly, O Inferno que nos Persegue é um livro assumidamente queer, sangrento e blasfemo. E também é uma história provocativa que fala sobre identidades trans, famílias escolhidas, resistência ao fundamentalismo e principalmente sobre encontrarmos nosso lugar em um mundo que luta contra determinadas existências.

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REALEZA DAS BRUXAS

Eu estava de boas, vivendo a vida, quando, de repente, outra entrega fa caveirinha. Pensei até que fosse engano e eis que abro a caixa e me deparo com essa lindeza. Nem preciso dizer que só de ler o prólogo me deu vontade de decorar a história de até me senti super inspirada a escrever.

Quatro bruxas se unem para impedir uma profecia terrível
sobre o Apocalipse de se concretizar.

A Irmandade Secreta de Sua Majestade (ISSM) é o maior coven do Reino Unido, cuja existência data dos tempos de Ana Bolena, sua fundadora. Nos anos 1990, um grupo de pré-adolescentes se une ao ISSM e são iniciadas na bruxaria. Vinte e cinco anos depois, quatro dessas amigas tomaram diferentes rumos em suas vidas: uma deixou o coven para dedicar-se à prática veterinária; outra assume com alegria os cuidados de sua família suburbana; uma decide fundar seu próprio coven, voltado a bruxas não-brancas; e a outra se tornou a Alta Sacerdotisa do ISSM.

Quando surge uma profecia sobre a Criança Maculada, que fará o Leviatã se levantar e causará o extermínio de todas as bruxas e do mundo como conhecemos, os caminhos dessas mulheres poderosas voltam a se cruzar, e elas precisam enfrentar seus traumas, suas diferenças e seus preconceitos para sobreviver. Mas será que as coisas são mesmo como parecem ser?

Escrito pela autora transgênero e ativista Juno Dawson — que já foi publicada no Brasil com seu livro Este Livro é Gay: E Hetero e Bi e Trans… —, A Irmandade Secreta de Sua Majestade, primeiro volume da trilogia Realeza das Bruxas, é a pedida perfeita para quem busca uma leitura de ficção mágica fora dos padrões.

Com uma narrativa que altera os pontos de vistas das personagens principais, o leitor mergulha nos pensamentos de Niahm Kelly, Elle Pearson, Leonie Jackson e Helena Vance e embarca em uma jornada arrebatadora por um dos cartões-postais mais queridos do mundo. Dawson, sempre divertida e cheia de referências à cultura pop, apresenta ao leitor personagens bem-construídos e tridimensionais, cujas escolhas têm o poder de afetar não só as pessoas que cresceram ao seu lado, mas toda a comunidade bruxa.

Sempre por meio do viés da bruxaria moderna, A Irmandade Secreta de Sua Majestade aborda importantes assuntos contemporâneos, como questões de gênero, estruturas de poder, racismo, feminismo radical trans-excludente e supremacia branca.

O mais novo título da marca DarkLove estabelece diálogo com os livros da marca Magicae à medida em que apresenta rituais mágicos e a história de divindades pagãs mesclados à sua trama, que se torna mais e mais eletrizante com o avançar das páginas. A Irmandade Secreta de Sua Majestade é uma estreia de fantasia admirável e um verdadeiro caldeirão que mistura a energia contagiante das Spice Girls, a magia misteriosa de Jovens Bruxas e a ação eletrizante de Kingsman: Serviço Secreto. Junte-se ao nosso coven.

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Guia para Lésbicas na Escola Católica

Uma caixa gigante chegou na minha casa com esse livro, uma cortina de banheiro da bandeira LGBTQIAP+ e uma mochila cheia de bottons com representatividade LGBTQIAP+ e latina e é evidente que eu surtei!

Um romance divertido que celebra a diversidade em todas as suas formas.

Yamilet Flores prefere se destacar pelo seu delineado impecável, mas, na nova escola católica em que estuda — que, aliás, é muito branca e muito rica —, ela é mais conhecida por ser uma das poucas alunas mexicanas. Esse, no entanto, não é seu maior problema. Yami esconde sua orientação sexual, pois teme as consequências de se assumir lésbica em um ambiente pouco acolhedor, que parece não aceitar a diversidade.

Depois de ser tirada à força do armário por sua crush e ex-melhor amiga, Yami tem outras prioridades: manter seu irmão longe de problemas, fazer sua mãe se orgulhar dela e, acima de tudo, não se apaixonar por mais ninguém.

Mas fingir ser heterossexual se torna uma tarefa bem difícil quando ela conhece Bo, a única garota abertamente queer da escola, que é tão irritantemente perfeita. Ela é inteligente, afrontosa e, claro, adorável. Muito adorável. Yami se vê diante de um dilema: como esconder sua verdadeira identidade sendo que está cercada pela autenticidade de Bo?

Agraciado com o Walter Honor Award e com o Lambda Literary Award, além de finalista do National Book Award e do William C. Morris YA Debut Award, Guia para Lésbicas na Escola Católica é uma história sobre coragem, amor, identidade e pertencimento. Yami, que se sente deslocada de todos ao seu redor, tem a sensação de que nunca consegue dar uma dentro. Na escola, ela se afasta de tudo e de todos; em casa, sempre perde espaço para o irmão.

Permeada por discussões sobre religião, relacionamentos tóxicos dentro do núcleo familiar, colonialismo e direitos LGBTQIAPN+, a jornada de Yami é um abraço quentinho em todos aqueles que, à sua maneira, estão lutando para serem aceitos como realmente são.

Com uma prosa divertida e envolvente e um romance sáfico digno de suspiros, Guia para Lésbicas na Escola Católica nos lembra de que o amor e a aceitação podem ser difíceis de encontrar, mas são cruciais para a nossa felicidade. A história de Yami, que aprende a importância de ser verdadeira consigo mesma independentemente das expectativas e das pressões sociais, nos inspira a amar do único jeito possível: com coragem e com verdade.

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