autora | roteirista | tradutora

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Autoria literatura e escrita criativa Livros Meus Textos

🚨VAMOS PUBLICAR PELA HARPER COLLINS! | Mulheres Pretas Escrevem: Às Margens do Tempo | Realismo Mágico nacional

Quando tirei essa foto na bienal eu nem fazia ideia de que no mês seguinte eu receberia a notícia de que nossa antologia seria publicada pela HarperCollins Brasil, uma das maiores casas editoriais do Brasil (e do mundo!!!), pelo selo da Halerquin.

Na outra foto temos o contratinho de papel (simbólico porque ja tinha assinado o digital akkssj) e me sentindo a autora mais feliz do mundo.

Confesso que até agora tenho dificuldade em acreditar que isso realmente tá acontecendo. Não caiu minha ficha. Acho que só quando o livro estiver em minhas mãos e olhe lá!!!!

Esse projeto é algo muito especial e importante pra mim, pra Karine RibeiroValquíria Vlad, Patie, Mariana Chazanas e Carol Camargo. Tenho certeza que também vai ser muito importante pra todas as autoras e mulheres pretas desse Brasil.

Uma casa. Um rio. Um feitiço de proteção. Separadas por diferentes gerações, essas mulheres pretas têm algo em comum, além do laço sanguíneo: as vivências em um mesmo lugar (e uma protetora que sabe a hora exata de ajudá-las).Cada capítulo acompanha uma matriarca de várias gerações da mesma família e uma certa viajante do tempo.Os capítulos do livro não estão em ordem cronológica, então parte da experiência de leitura é descobrir o que está acontecendo com a casa e por quê.

O livro será lançado nos próximos meses!

Harper, obrigada por acolher essa história.
Increasy, obrigada por nos proporcionar essa oportunidade.

Gente, esse vem aí vai ser incrível e mágico. Vocês não perdem por esperar!

Em breve mais novidades sobre o projeto! 💜.

Contos literatura e escrita criativa Livros resenha literária resenha literaria

[Resenha Literária] Entre Caixas, conjunto de contos nacionais escrito por Karoline Dias.

Está procurando uma leitura com um babado atrás do outro? Leia Entre Caixas!

📚Entre Caixas é uma coleção de contos interligados que contam a história de Cameron, Theo, Richard e Elvis. No primeiro conto, conhecemos essas quatro crianças orfãs que são acolhidas por uma mulher que só se mostra cada vez mais desvairada com o passar da história. Ela obriga as crianças a limpar a fazenda onde moram, coleciona velas de lavanda, e se tranca num quartinho de costura misterioso. Acontecem tantas tretas nesse lugar que os três meninos e a menina ficam traumatizados para o resto da vida, algo que testemunhamos mais tarde em suas vidas adultas nos próximos contos.

👀Todo mundo nesse livro é moralmente ambíguo e isso dá uma característica muito intensa, frenética e profunda aos acontecimentos. Os personagens fazem merda o tempo todo e mesmo assim você se pega torcendo por eles.

✍🏽A escrita da @karouescreve é muito fluída e gostosa de ler. Você não consegue parar de pensar na história, criar teorias e ficar imaginando o que vai acontecer a seguir, que catástrofe ou confusão vai perturbar a vida dos nossos tão amados-odiados personagens.

🕯Entre Caixas é uma leitura rápida e envolvente, cheia de suspense e acontecimentos e a melhor parte é que vai ter outro livro nesse mesmo universo! Ao final dos contos, a Karoline nos revela que um outro livro vem aí com um novo mistério, novos e um antigo personagem. Estou sedenta por essa história!

🗣O livro está disponível na Amazon e Kindle Unlimited e a edição física está à venda com a autora. Corra para garantir o seu!

Autoria Contos Escrita literatura e escrita criativa Livros Transmorfo

Lagomorpha, um conto no universo de Transmorfo

Vamos reencontrar a Frankie, uma das protagonistas do meu livro, TRANSMORFO, e eu não poderia estar mais empolgada de trazer vocês comigo para revisitar esse universo.

Lagomorpha conta a história de uma das protagonistas de Transmorfo, meu livro independente de fantasia urbana. Frankie tem o poder de se Transformar em coelho e por isso, em sua forma humana, ela tem os olhos vermelhos e a pele e os cabelos brancos. Algum tempo depois dos acontecimentos de Transmorfo, Frankie tem que revisitar os fantasmas e traumas do seu passado ao voltar para casa e lidar com um novo perigo inesperado. É só isso que eu vou dizer kkk.
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Eu estou super ansiosa para esse conto chegar até vocês, Transmorfãs. E para quem ainda não leu o livro, dá para ler o conto sem ter lido Transmorfo. Mas claro que seria melhor ler na ordem certinha.
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Querem saber mais um pouquinho do que vai acontecer? Se liga nessa sinopse.
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📚Frankie Green, a garota de cabelos brancos e olhos rubros, que se transforma em Coelho, precisa voltar para casa. O lugar de onde foi expulsa. O único lugar para o qual nunca deseja retornar. Contudo, após um comunicado urgente, a jovem Transformo precisa abandonar tudo o que tem, tudo o que é, para entender tudo o que poderia ter sido. Com a mãe no hospital, traumas de infância e lembranças dolorosas em cada canto da cidade, Frankie precisará aprender a lidar com o que deixou para trás e, acima disso, com a inesperada ameaça mortal que está prestes a destruir a sua vida. É agora ou nunca.
Do universo do livro TRANSMORFO, Lagomorpha introduz mais um capítulo para a saga de fantasia urbana que vem conquistando leitores em todo o país.

Confira o Booktrailer de Lagomorpha.


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💛Curtiram? Esse conto é apenas o primeiro que pretendo lançar nesse universo. É isso aí, não consegui me desapegar, mas eu sei que vocês também não!

Confira o que as pessoas estão achando:

Meus leitores são incríveis e só tenho a agradecer por todo o apoio dos Transmorfãs.

Autores Autoria Contos redação

Contos nacionais para ler em um dia

POEIRA ESTELAR⠀

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Minha primeira leitura de 2021 foi espontânea. Depois de me apaixonar pela capa com a arte da @giulopesart e de já achar a @gabriela_.araujo incrível por algum tempo, resolvi fazer essa leitura rápida nos últimos dias que ainda tinha disponível de Kindle Unlimited. E ainda bem que fiz isso.

O conto da Gabi é singelo, forte e super necessário. Ele fala com todas as mulheres, especialmente as mulheres pretas, sobre coisas que já assombraram a minha cabeça diversas vezes: o que a sociedade espera de nós. Mas, acredito que a lição mais importante dessa história, escrita tão maravilhosamente, é que nunca é tarde para correr atrás dos seus sonhos, nunca é tarde para acreditar. As palavras da autora me abraçaram e até agora eu consigo sentir o impacto que esse conto teve em mim. A história foi um presente de amigo secreto, mas eu sinto como se tivesse sido também um presente para mim. Obrigada, Gabi.

Sinopse:

Na infância, Marta começou a viajar de carona nas estrelas.

Assim, enxergava o mundo sob uma perspectiva única e sentia que dentro de si as possibilidades eram infinitas. Com o tempo, a finitude da realidade se esgueirou por entre as frestas de seus aniversários e ela se esqueceu como sonhar alto.

Mas nunca é tarde demais para redescobrir a poeira estelar.



QUANDO O COMETA PASSAR

“Esse mundo é passageiro, uma parada. A vida e a morte são ponto de parada na viagem que fazemos”

Eu amo histórias que tem a ver com o universo e como a gente não sabe exatamente como tudo isso funciona (e talvez nunca saiba 100%). Quando o cometa passar é um conto cósmico, transcendental, mágico e místico. A protagonista me causou identificação imediata logo na cena de abertura e, com o passar da história, vamos entendendo um pouco mais da sua angústia e da sua expectativa duvidosa em relação a ~quando o cometa passar⠀⠀

A escolha de palavras da Lu é tão cuidadosa e se alinha bem demais com a história de um jeito tão tocante e transcendental. Muito linda. 💙⠀⠀⠀⠀⠀

A @lufauber é uma autora, poeta, revisora e pessoa maravilhosa. Estou doida para ler mais de suas obras.⠀⠀⠀⠀

Sinopse: O natal e aniversário de Victoria nunca mais foram os mesmos desde a fatídica morte do irmão mais velho, porém, após três anos, o Universo decide presentear a garota de uma forma inimaginável, fazendo-a acreditar no impossível. “Quando o cometa passar” conta uma história de amor fraterno e como uma promessa pode desafiar o tempo, o espaço e a própria morte, trazendo questões sobre autoconhecimento, luto e superação.

Confiram na Amazon. (Grátis no Unlimited!)

NOSSA ÚLTIMA HISTÓRIA DE AMOR

Nossa última história de amor é um conto muito mais sobre as ambiguidades do ser humano do que a história de um casal, ou “um par” como corrigiria Isabel.

Eu queria saber mais, acompanhar esses jovens em seu ônibus e descobrir do que exatamente estão falando, o que os aflige tanto, o que acontece nesse relacionamento tão indefinido, quem são eles dois?⠀⠀⠀⠀⠀

O conto é enigmático, apesar de um tema simples, está aberto a tantas interpretações que o suspense te deixa cheio de teorias.⠀⠀⠀⠀

Mais um clássico de Manoel. E quando eu digo clássico é porque, ao meu ver, a escrita de Manoel é inconfundível. Seu estilo já fez uma marca tão grande em mim como leitora que se eu lesse uma frase escrita por ele sem assinatura, a reconheceria.⠀⠀⠀⠀

Nossa última história de amor está disponível na Amazon (na promoção por apenas 1,99!) e GRÁTIS no K.U.⠀⠀

Sinopse:

Isabel e Lucas nunca souberam como classificar o relacionamento. Jovens universitários, viveram, de modo particular, seus problemas de comunicação, até um dia quando, impelidos pela urgência do problema mais recente, os dois encontram-se para discutir a questão capaz de mudar, radicalmente, suas vidas. É agora ou nunca.

AINDA BEM QUE ENCONTREI VOCÊ

Eu já sabia que a @marie.escritora era super talentosa e, depois de ler Ainda bem que encontrei você só tive mais certeza disso.⠀⠀⠀⠀

O conto é um prequel do seu novo livro (que eu tô super ansiosa para ver publicado) e conta a história de duas mulheres que se encontram por acaso num evento importante. Isso, claro, sem deixar de mencionar assuntos como feminismo e feminicídio como pano de fundo. Se não tivesse assuntos importantes, não seria obra da Marie, ne?

Eu AMEI conhecer a Kariya. A protagonista cria empatia e identificação de imediato e, para mim, isso é algo extremamente importante numa história.⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Desde o começo, estava torcendo para o sucesso desse conto. A Marie compartilhou a arte maravilhosa da @giulopesart comigo antes de publicar (exclusivahhh) e eu fiquei encantada e ansiosa para ver essas duas mulheres se apaixonando. E não me decepcionei.

Obrigada por essa história, Marie.

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Sinopse: Quando Kariya decidiu ir até o Museu Submerso para a estreia de um documentário, não imaginou encontrar por lá Lana Boeing, sua grande paixão platônica. Agora, ela terá que lidar com a timidez e o passado para beijar a mulher dos seus sonhos.

BÔNUS: VINDICTA

(meu conto)

“Quando criança, Tyler acidentalmente matou o seu melhor amigo e isso se tornou uma sombra eterna em sua vida e também em sua mente.” Vindicta está disponível gratuitamente no Kindle Unlimited.

Autoria Contos Livros

Crônicas Soteropolitanas

✨LANÇAMENTO✨


O vem aí da vez é uma antologia incrível só com autores baianos. Esse projeto incrível foi organizado por @manoelcalves e reúne contos incríveis relacionados a nossa cidade de Salvador.
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No meu conto, alguns jovens amigos se encontram no estacionamento do shopping para beber e contar lendas urbanas de Salvador.

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Crônicas Soteropolitanas já está disponível em formato e-book na Amazon! Em breve vocês também poderão conferir a versão física.

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A antologia formada por autores baianos, foi organizada por @manoelcalves e o meu conto se chama “Lendas Urbanas”.
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Outros contos disponíveis na antologia foram escritos por @nickexaltacao @manoelcalves @victorbuqa @soldesabado @maandialves
@doquemeafeta @fernandobiaginijr

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Só os escritores talentosos online 💜
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Não deixe de conferir.

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SINOPSE:
💫 Como dever ser a literatura nacional? Quem ela deve retratar? Como ela deve retratar o seu objeto ou ‘’tema’’? O que é ser brasileiro, no final das contas? Trata-se de uma experiência monolítica? Alguma experiência, alguma vivência, é tão tangível e homogênea o suficiente para falar por toda uma comunidade?

💫 Devido a esses questionamentos, tão escusos e latentes, que os escritores reunidos na presente obra agruparam-se para criar o CRÔNICAS SOTEROPOLITANAS.

💫 Cada escritor, que varia de autores publicados, independentes e estreantes, permaneceu responsável por um gênero literário diferente. E conforme avançam na leitura, encontramos nesta coletânea narrativas de suspense, realismo mágico, romance e policial e, até mesmo, uma narrativa poética que tentam ou não deslindar o que é viver em Salvador.

Contos Dicas Escrita

Como eu escrevo: Contos | Dicas + O meu processo de escrita

Oi, gente. Hoje eu vou explicar um pouco sobre a escrita de contos. Muitas pessoas, até mesmo as que já escreveram livros, têm algumas dúvidas sobre a escrita dessa narrativa de forma mais concisa. Às vezes, escrever uma história em poucas palavras pode ser bem complicado.

MEU PROCESSO

Esse é o meu processo mais diferente e aleatório de todas as coisas que eu escrevo. Ao contrário dos livros e dos roteiros, eu não consigo planejar os meus contos. Normalmente funciona assim: eu tenho uma ideia, se ela grudar a ponto de eu ficar remoendo as mesmas cenas por horas, eu sento e escrevo de uma vez só. Depois daí é só revisão, revisão, revisão e sem o intervalo de tempo que eu geralmente dou para os livros. Posso escrever e revisar tudo no mesmo dia.

Por exemplo. A minha amiga maravilhosa, Izzie, começou um grupo de escrita com algumas amigas para que a gente se incentivasse a escrever dentro de um determinado prazo. Para ser mais especifica, foram duas semanas. E o formato obrigatório da primeira semana foi justamente conto O que aconteceu foi que eu tive três ideias com o passar do tempo e nenhuma delas grudou o suficiente para que eu as desenvolvesse. A quarta ideia veio na madrugada do dia do prazo, eu remoí por horas e só no outro dia de manhã escrevi e revisei.

Então, qual é o meu processo de escrita de contos? Ele é praticamente indefinido. Os meus contos que estão disponíveis na Amazon foram todos pensados graças a temas de antologias. Alguns passaram e outros não e, ainda assim, todos foram aprimorados depois dos editais. Lembrando que para antologias, um número máximo de palavras ou caracteres é sempre estabelecido. Leia o edital!

Isso acontece porque normalmente eu dou prioridade a desenvolver livros a partir das minhas ideias. Claro que grande parte não é complexa o suficiente para virar um romance e são elas que mais tarde se tornam contos ou curtas. Mas a verdade é que normalmente eu procrastino escrever as coisas menores justamente por serem mais rápidas e é por isso que meu processo com os contos é tão indeterminado. Por que começar isso agora se eu sei que posso fazer em três horas? É por aí que vai. Não, eu não apoio essa prática, mas é o que funciona para mim.

DICAS

  1. Faça uma premissa e parta daí.
  2. Apresente o incidente incitante da história o mais rápido possível. Se puder fazer isso no primeiro parágrafo, faça.
  3. Apresente os personagens através de situações, diálogos e etc. Não desperdice palavras descrevendo os personagens em excesso, já os introduza nas ações.
  4. Seja específico. Principalmente quando você tiver um limite de palavras.
  5. Faça a história se passar num curto período de tempo. (De novo: principalmente se você tiver um limite de palavras). Se pergunte: É mais fácil descrever os acontecimentos de um dia ou de um ano dentro do espaço de 500 palavras?

Lembrando que nada disso são regras! Adapte o que for melhor para você e sua escrita.

YOUTUBE

Vocês têm vontade ou já escreveram um conto? Me conta aí nos comentários!

Autoria Contos Escrita literatura e escrita criativa

A Assimetria do Toque (Conto)

TW: abuso (implícito)

Eu sabia que não deveria sorrir.

Minhas pernas doíam, o estômago se embrulhava e a boca estava seca, como se tivesse comido areia morna. Tudo fruto da festa da noite passada.

O sol já havia nascido há algum tempo quando cheguei ao cemitério. Felizmente, não era muito longe de casa e eu sabia que o enterro já havia começado.

Observava de longe, escondida atrás de uma árvore, aquelas pessoas lamentarem a morte daquele homem nojento e terrível enquanto o pastor entoava palavras de amor e compaixão que me enojavam. Como poderiam amá-lo quando ele me tocou quando não deveria, onde não deveria? Já fazia alguns anos, mas ainda me assombrava quando fechava os olhos ou quando o toque vinha de outro.

Tentei descobrir qual daquelas mulheres chorosas, de óculos escuros, era casada com ele. Será que ela sabia que agora estava livre?

A pior parte era ver o meu pai no meio deles. Como ele poderia estar ali quando ele sabia? E se ele não sabia, como poderia não saber? Estava tão óbvio… aconteceu debaixo de seu nariz, dentro de sua casa, cometido por seu colega de trabalho e amigo de bar.

Que ele queime no inferno.

Sorri de novo sem que nenhum tipo de remorso me atingisse. Estava cansada do remorso. Tudo que sentia era alívio.

Agora que havia me certificado que era real, virei as costas e comecei a ir para casa, mas algo na esquina seguinte me impediu de continuar.

Reconheci o topo da sua cabeça castanha e suada ao se curvar para vomitar na beira da calçada.

Dessa vez a culpa me alcançou. Era ele! O garoto que havia me tocado durante toda a noite anterior.

Expulsei o sentimento de mim. Aquilo não era a mesma coisa. Eu havia permitido que o fizesse. Além disso, foi diferente, carregado de uma ternura que havia me surpreendido mesmo na embriaguez e no desconhecido. Tinha beijado minha testa enquanto esperávamos na fila para comprar bebida, acariciado meus cabelos quando fiquei sonolenta, me abraçado durante o tempo em que dançávamos na pista.

Eu disse ao meu cérebro: Não, isso não é a mesma coisa.

Me aproximei devagar enquanto ele limpava a boca com as costas da mão. Já ia cumprimenta-lo quando ele sacudiu as mãos para mim.

— Gostaria muito que não tivesse me visto assim — riu, sem graça, afastando os cabelos grudados na testa.

— Você está bem? — perguntei, olhando ao redor em busca de um vendedor de água, mas é claro que não haveria ninguém vendendo nada a uma quadra de distância do cemitério local.

Ele cuspiu no chão e tirou do bolso um pacote de balas de hortelã. Enfiou uma na boca e me ofereceu outra. Minha boca de areia salivou. Aceitei o doce e agradeci.

— O que faz aqui? — perguntou primeiro que eu.

Escondi a bala na bochecha esquerda antes de responder:

— Moro a duas quadras daqui, mas estava… fazendo uma visita.

— Veio direto da festa? — questionou, me observando.

Dei de ombros, fingindo indiferença.

— E você?

— Isso vai parecer muito mórbido, mas estou indo a um enterro. — Ele apertou os lábios rechonchudos como se estivesse ainda mais constrangido por aquilo do que pelo vômito.

— E veio direto da festa? — repeti sua frase, causando-lhe uma risada afetada.

— Eu precisava me distrair… por isso fui a festa. Se quer saber, você ajudou bastante. — explicou.

— Eu sou mesmo uma boa distração — comentei, sem querer, soando mais magoada do que engraçada. Ele percebeu também.

— Não é exatamente do que eu te chamaria. Pretendia te chamar para sair um dia desses, mas depois desse nosso encontro, — sinalizou o espaço entre mim e ele como se apontasse para o tempo presente — descartei a possibilidade, por causa de todo o vômito, do enterro e tudo mais.

Eu ri.

Depois de alguns segundos de silêncio, analisei o seu rosto que observava além de mim, como se pudesse enxergar o cemitério dali.

Um pensamento pairava sobre minha cabeça, terrível demais para que eu perguntasse. Mas agora o meu estômago estava ainda mais embrulhado e a bala em minha boca ficava cada vez mais enjoativa. Eu seria a próxima a vomitar.

— Está triste? — sondei.

— Claro que sim, — respondeu de um jeito ensaiado, desprovido de emoção.

— Está? — forcei a pergunta, exigindo mais do que aquela resposta. Queria cuspir a bala.

— Tenho que estar. Estou triste, mas também estou aliviado. —  Confessou de uma vez. —  Vim por causa da minha mãe, entende? Mas estou aliviado. — Sua frase soou como um balbucio.

Senti o gosto da bile.

— Aliviado? — repeti com dificuldade.

— O meu pai… ele não era um cara legal. — Ele baixou os olhos e disse mais algo que não consegui ouvir. — É melhor eu ir… já começou faz um tempo.

Anui e voltei a andar. Não me despedi e nem olhei para trás, mas senti seu toque quente em meu ombro e congelei.

— Eu te ligo.

Sua mão se demorou ali e senti a assimetria do toque com a lembrança das mãos dele, me esforçando para lembrar que aquele garoto não era o seu pai, assim como eu não era o meu. Meu corpo relaxou com a realização e mesmo sabendo que não deveria, cheguei à porta de casa com um tipo diferente de sorriso, carregado da leveza do fantasma do toque afável, concedido. Questionei a temporariedade, antes tão determinada, como normalmente acontece nas festas, daquilo que poderia não dar em nada, mas que ainda assim já era algo.

Sentindo o vento frio, resquícios da madrugada, com os braços ao redor do meu próprio corpo, percebi que pertencia a mim mesma a ponto de sorrir quando não devia e ser tocada apenas quando desejasse.