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Curiosidades Escrita Livros

A importância de engavetar projetos

Você tem projetos engavetados? Não se preocupa, eu também. E isso é bom, sabe por que?
É um teste para os livros que você realmente vai publicar.
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Eu escrevi 6 livros, 3 deles estão publicados, 1 será publicado esse ano se tudo der certo e outros 2 nunca verão a luz do dia.
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O primeiro deles se chama Talking Birds e é inspirada numa música de uma das minhas bandas favoritas: Death Cab for a Cutie. Toda a ideia surgiu de uma interpretação metafórica minha dessa música.
É uma história MUITO importante para mim, foi o primeiro livro que consegui escrever sozinha. Eu e Nick já tínhamos escrito Grim Reaper, mas eu nunca tinha escrito um livro inteiro sozinha, todos os outros tinham morrido no meio do caminho.
A história também tem uma influência muito forte de Quem é você Alasca, um dos meus livros favoritos.
A história é de uma menina, adolescente, que se volta para o álcool quando o irmão gêmeo dela morre num acidente de carro provocado por ela. A mãe guarda um rancor enorme dela e ao ver seu comportamento com a bebida, resolve interná-la num lugar que cuida de jovens com esse tipo de problema.
Eu consigo imaginar mil jeitos de ser mal interpretada nesse livro. Acho que a história tem até um potencial bom, mas teria que passar por várias leituras críticas e simplesmente não é um investimento que vejo como valido apesar de amar essa história com todo o meu coração.
Faz bastante tempo que não a leio, uns dois, três anos. Talvez enxergasse várias coisas problemáticas nela se lesse agora. Acho que vou guardar minha visão romantizada só para mim.
Depois eu até comecei a fazer um spin off da mesma história no ponto de vista de uma personagem secundária que provavelmente seria muito amada. Na época, era moda esse negocio de publicar o mesmo livro em outra visão.
Mas enfim, foi um passo importante finalizar esse livro, saber que eu era capaz de escrever algo completo sozinha. E alias, eu revisei esse livro TANTAS vezes, mais tantas, que definitivamente me ensinou a ter paciência no processo de revisão.

O segundo livro engavetado me provou várias coisas. Eu escrevi ele inteiro, 51mil palavras, no Nanowrimo de 2017 e foi a primeira e única vez que eu venci de verdade o NaNo. Além disso, eu escrevi a história completamente em inglês. Eu não pensei em vocabulário, gramática, adequação…nada. Eu só cuspi em inglês nas páginas e eu me diverti MUITO com essa história. Para começar, ela é focada em música e eu amo histórias assim. Uma menina era um prodígio do piano desde pequena e a mãe dela queria que ela estudasse num conservatório de música. O pai dela que tocava piano muito bem, tinha morrido há alguns anos. Ela não queria ir pro conservatório, em vez disso ela fugiu com a banda dos amigos delas para uma turnê pelos EUA no dia que eles se formaram na escola. Ela escondia pros meninos da banda que ela sabia tocar, mas apoiava eles em tudo. Ela quem tinha ajudado o melhor amigo dela a montar a banda e tudo mais.
Daí ela, os meninos da banda, mais uma menina que se intitulava a groupie oficial da banda, uma personagem incrívl, provavelmente a minha favorita na história, compraram uma van e saíram nessa turnê meio que de forma independente. Só que o tecladista da banda desistiu de tudo para ir para a faculdade e eles precisavam de um tecladista novo e a meta deles era encontrar outro até o show na próxima cidade. A protagonista não queria contar que ela era prodígio do piano porque ela simplesmente não queria tocar mais.
Tinha um vibe muito legal essa história, muito “vá atrás dos seus sonhos”, sabe?

Por que eu não vou publicar? Primeiro: tá em inglês e eu nunca revisei. Segundo, que é cheio de clichês kkk nada contra, pois amo. Não sei, só sinto que esse livro tem que ser engavetado, sabe? Na prática parece que não faz sentido a história, talvez se fosse uma série adolescente meio vibe Julie and the Phantoms só que mais pesada. Sei lá. Só é uma história que não faz sentido publicar.

Mas, viu quantos ensinamentos eu conquistei com essas duas histórias engavetadas? Isso sem nem mencionar tantas outras que comecei e nunca terminei.

E você? Tem histórias engavetadas? Me conta um pouquinho sobre elas.

Dicas Escrita redação

Como lidar com o bloqueio criativo

Esse é assunto que muita gente me pede para falar sobre e isso não é uma coincidência.

E eu estou dizendo isso porque eu mesma já me escondi muito nessa desculpa de que estava com bloqueio criativo. E isso ainda acontece de vez em quando. Meu cérebro, de forma automática, pensa que estou com bloqueio, mas quando eu paro para pensar mais ativamente, percebo que é só uma desculpa.

O bloqueio criativo, na grande maioria das vezes, é uma forma de auto sabotagem e de perfeccionismo.

Algumas vezes, mesmo quando temos VONTADE de escrever, não conseguimos nos agarrar a uma ideia concreta o suficiente para escrevê-la, parece tudo solto demais para se transformar numa história.

Ou as vezes a gente acha que tem que planejar mais, estudar mais, a “aprender a escrever”. Esse tipo pensamento nos paralisa.

A primeira coisa que precisa ser ignorada é o perfeccionismo. Você precisa começar a escrever, mesmo que você ache que está tudo horrível.

Eu sempre digo: dá para consertar uma página ruim, mas não dá para consertar uma folha em branco.

No livro Grande Magia da Elizabeth Gilbert, que aliás é uma leitura que recomendo para quem trabalha com criatividade, a autora trata as ideias como magia de certa forma, como algo que tem vida e vontade própria. Você e a ideia são duas unidades trabalhando em conjunto. Então, quando você tem uma ideia, não a deixe parada, não a negligencie, pois se não ela vai se apresentar a uma outra pessoa. E quantas vezes isso já aconteceu com você? Você teve uma ideia, não fez nada sobre ela e quando já tinha se esquecido apareceu uma outra pessoa que teve a mesma ideia que você, mas a desenvolveu e a apresentou ao mundo e você ficou de mãos vazias?

E se você precisa de incentivo, inspiração, motivação, ou seja lá como você queira chamar, não espere cair do céu. Corra atrás, cultive a sua ideia.

Algumas dicas:

Playlists


Para cultivar a minha inspiração eu ouço playlists. De preferências instrumentais. Claro, isso pode funcionar de maneiras diferentes para pessoas diferentes, mas para mim são as músicas sem letra que instigam a minha mente. Uma em particular, Peaceful Piano do Spotify, nunca falha em encher minha cabeça de epifanias. Outra que eu também estou ouvindo muito ultimamente é a Gentle Rains que são só barulhos de chuvas.
Eu gosto de fazer playlists inspiradas nas minhas ideias também, com músicas com letra, mas essas eu não uso para escrever exatamente para escrever. É como se fosse um acessório da história.

Pinterest

Uma coisa que sempre me ajuda é o Pinterest. Eu coloco palavras chaves relacionadas a minha ideia, ainda que de maneira superficial, na busca do site e um turbilhão de fotos inspiradoras surgem. A partir daí, crio uma pasta e adiciono as imagens que parecem se adequar a minha história.

Inspiração

Como eu falei antes, não dá para ficar esperando a inspiração aparecer e um bom jeito de invocar “a musa” é consumir conteúdo que tenha o mesmo estilo, “vibe” do que você quer escrever. Eu costumo recorrer a séries ou filmes que são mais rápidos do que, por exemplo ler um livro, mas você pode optar também por contos e até mesmo vídeos no Youtube. Faça uma listinha e maratone.

Página de brainstorming

Despeje todas as suas ideias numa folha, boas ou ruins, e só depois escaneie o que é aproveitável para sua história.

Escreva tudo

Não confie no seu cérebro. Não deixe de anotar nada com a desculpa de que “vai lembrar depois”, você não vai. Além disso, correr para anotar uma ideia fresquinha pode desencadear uma série de mais ideias que podem ajudar no desenvolvimento principal. Escreva tudo!

Se organize

Ajuste o seu tempo escrita e suas tarefas para não acabar recorrendo a famosa frase “estou sem tempo”. Claro, cada pessoa tem sua demanda de afazeres que podem, ou não, vir na frente da escrita, mas isso é algo que deve ser levado em consideração na hora de separar um tempinho para escrever, nem que seja meia hora por dia, sem deixar de considerar também os descansos e intervalos.

Imponha prazos a si mesmo. Estude qual tipo de organização é melhor para você, se você precisa de um outline, um mapa mental, uma linha do tempo para começar a sua história. Só não vale procrastinar e colocar a culpa no bloqueio, né?