Tá na dúvida se vale mesmo a pena ler Transmorfo?
Leia o prólogo.
PRÓLOGO
“Você é a próxima aberração no abate”
Um frio percorrerá a espinha de Maddie e ela engolirá em seco enquanto segura o bilhete em suas mãos trêmulas.
Ela lerá a mensagem pela segunda, terceira vez e, então, abrirá a porta com o maxilar travado, esperando encontrar quem quer que tivesse passado o recado por debaixo da porta. O corredor estará vazio exceto por outros quatro pares de olhos amedrontados, observando o espaço vazio.
Essie, ofegante, estenderá na frente do corpo um papel amarelo idêntico ao que Maddie segura.
— Vocês receberam também? — Alisha perguntará, vindo por trás de Essie com seus olhos fulvos de coruja, indicando o bilhete.
Faith e Frankie virão da direção oposta do corredor. A porta do quarto delas visivelmente aberta não muito longe dali. Ambas apresentarão também seus bilhetes.
As cinco garotas se juntarão no corredor a passos lentos, como em uma dança sincronizada, e os bilhetes amarelados, estendidos, se encontrarão no centro. Todos com as mesmas palavras digitadas em uma imitação de letra cursiva em tinta preta.
— Você é a próxima aberração no abate — Faith lerá aos sussurros, temendo cada palavra que sai de sua boca.
Uma porta baterá ao longe, tirando-as de um torpor momentâneo. Elas se entreolharão e Maddie será a primeira a correr em direção ao som. Os instintos felinos despontarão em seu âmago.
O campus da Academia Linnaeus parecerá vazio. A presença das pessoas, assim como seus medos, será inegável. Todas elas estarão escondidas em seus quartos ou atrás dos móveis enquanto o terror escorre pelas paredes.
Maddie virará de forma brusca para a direita ao ouvir passos correndo ao longe naquela direção. Sua intuição gritará que esses passos pertencem ao mensageiro, pertencem ao assassino, ao cortador de gargantas da Linnaeus.
Alisha, Faith, Frankie e Essie não demorarão a alcançá-la e as cinco, em um aceno silencioso, concordarão em seguir em frente. Todas conseguirão ouvir os passos correndo escada abaixo para o enorme espaço no subsolo e o seguirão.
— E se for uma armadilha? — sugerirá Essie, amedrontada. Seu sussurro ecoará tão alto quanto um grito.
— Vamos ter que ver para saber — concluirá Alisha, puxando a arma do cós da calça. A adrenalina que percorrerá o seu corpo será quase visível.
As garotas descerão as escadas em uma velocidade sobre-humana. Àquela altura, o assassino já terá caído na quietude, mas elas seguirão degraus abaixo, com passos em um ritmo bagunçado, até chegarem ao ginásio e à imagem sangrenta gravada nele.
Começará com um fio de sangue desfilando pelo piso azul e preto, manchando as linhas brancas, então se transformará em uma poça vermelha e lambuzada que conduzirá diretamente para uma pilha de corpos desfigurados, irreconhecíveis. Uma pilha de massa corporal, cabelos embolados, roupas rasgadas, sangue grudento, olhos petrificados e, principalmente, medo estampado. Medo humano na sua pior forma: a morte.
Essie gritará. Um guincho agudo de um animal ferido.
Frankie virará a cabeça para o lado sem conseguir suportar a imagem brutal diante de si. Ela se controlará ao máximo para não vomitar nos próprios pés.
Faith se curvará como se tivesse levado um chute no diafragma.
Quantos corpos estarão ali empilhados? Vinte? Trinta? Cinquenta?
A arma tremerá, vacilante na mão de Alisha e seus olhos ficarão marejados, ameaçando transbordar em lágrimas de sentimentos conflitantes.
Maddie não conseguirá parar de encarar a massa disforme de pele e sangue. O coração martelará em seu peito enquanto sua boca assume um gosto ácido.
Todas aquelas aberrações… mortas no abate. E elas serão as próximas.
Além disso, os cinco primeiros capítulos de Transmorfo estão disponíveis para leitura lá no Wattpad.