O livro tem 5 pontos de vistas diferentes e cada protagonista tem uma animal de transformação. As cinco são mulheres.
Animais de transformação delas: gato, coruja, lobo, coelho, raposa.
Existem Transmorfos Puros e Impuros. Os primeiros se caracterizam por toda uma linhagem de sangue com poder de se transformar em animais de uma mesma família, ainda que varie a espécie. Com os Impuros a habilidade pula gerações, podendo ter apenas uma pessoa na família.
Eu escrevi o livro em 2017 e ele passou por várias mudanças. Uma vez tentei mudar a narração dos primeiros capítulos para terceira pessoa, mas não gostei do resultado e mudei de volta para primeira.
Em relação aos romance do livro temos: relação entre duas mulheres, um meio triângulo amoroso (que tem uma das pontas proibidas), friends to lovers, o popular e a “certinha”.
Apesar de o livro se passar nos EUA, Maddie, uma das protagonistas, é brasileira e sua história abre bastante espaço para que, se uma dia eu quiser, possa escrever um outro livro. (Não era o plano inicial, mas algumas ideias surgiram)
Escolhi o Alasca para ambientação do livro por causa do frio, montanhas e fenômeno da aurora boreal. Apesar disso, a porção do estado em que a história se passa é fictícia. Winter Meadow foi criado exclusivamente para abrigar a Academia Transmorfo.
A Academia para Transmorfos se chama Linnaeus por causa de Carlos Liannaues (ou Lineu), considerado o “pai da taxonomia”. Ele criou a classificação das coisas vivas em uma hierarquia, ou seja, do reino animal.
Transmorfo é uma fantasia urbana que conta a história de cinco meninas, com habilidade de se transformarem em animais, e que se unem a partir de uma série de assassinatos que ocorre na Academia onde estudam e moram.
Primeiramente, Transmorfos são pessoas que tem a habilidade de se Transformar em animais e, no caso do meu livro, animais de famílias especificas.
PROTAGONISTAS
Temos cinco protagonistas e cinco pontos de vistas nessa história.
Maddie
Maddie se transforma em gato. Depois de perder a sua família e viver muitos anos em um bando de felinos, ela decide recomeçar a sua vida indo para a Academia Linnaeus.
Alisha
Alisha se transforma em coruja. Ela vai para Academia para fugir de um terrível ato que cometeu e tenta ao máximo esconder um segredo sobre seu passado. Mas, claro que não demora muito para esse segredo sangrento ser revelado.
Faith
Faith se transforma em lobo. Ela é a filha “meio que rebelde” da nova diretora da Academia, mas organiza lutas ilegais no campus e ninguém é páreo para ela. Ela se refugia muito na luta.
Frankie
A colega de quarto de Faith é a Frankie, outra das protagonistas, e ela se transforma em coelho. Ela é muito tímida, introspectiva e tem pavor de ser tocada por qualquer pessoa. O fato de os olhos dela serem vermelhos a faz ter um pouco de vergonha da sua aparência.
Essie
Por último, a Essie que se transforma em raposa. Ela quer deixar o estereótipo dela do colégio para trás e recomeçar, mas, logo no primeiro dia de aula a colega de quarto dela é encontrada morta.
AMBIENTAÇÃO
A Academia Linnaeus é uma espécie de faculdade, mas também de abrigo onde os Transmorfos jovens podem ir se refugiar, estudar e treinar. Fica localizado em Winter Meadow, um lugar fictício no Alasca, nos Estados Unidos, que não existe nos mapas. Lá é muito frio e isolado, mantendo a distância de humanos normais e de caçadores.
INIMIGOS
Por puro preconceito, os caçadores abominam os Transmorfos (por isso, eles têm de proteger em lugares como a Linnaeus). Válido dizer que a Maddie tem uma história com um caçador que deixa as coisas meio suspeitas pra ela.
CARACTERÍSTICAS TRANSMORFO
Existe uma questão: alguns traços dos animais de transformação ficam muito evidentes mesmo quando os Transmorfos estão na forma humana, como o olho de Frankie e o de Maddie que é bem dourado.
SOBRE O LIVRO
A partir desse primeiro assassinato, as cinco meninas acabam se unindo porque passam a receber mensagens supostamente do assassino e, assim, começam a investigar. Só que, para isso, elas precisam confiar umas nas outras. Tudo se complica quando mais pessoas sumindo, corpos aparecendo e segredos sendo revelados.
Esse livro tem muito foco nas amizades, não só delas cinco, mas também com outros personagens, assim como várias metáforas sobre discriminação, observando o mundo Transmorfo como sociedade. Claro que também há os problemas clássicos de jovens entre 18 e 20 anos, drama, romance, além de mistério e intrigas.
Eu terminei esse livro em 2017 e, desde então, tem sido uma monta russa. Ele passou por mudanças, ele foi abandonado, ele foi reescrito. E agora, ele finalmente vai chegar nas mãos de leitores e eu não poderia estar mais feliz.
A CAPA
A capa foi criada por mim com ajuda e o molde de Nick Exaltação, minha amiga (que é capista!).
E na capa aberta temos a aurora boreal um evento que marca o muito o livro em determinado momento.
Me falem nos comentários o que vocês acharam dessa capa.
Enfim, eu estou muito orgulhosa de anunciar que o livro já está em pré-venda lá na minha loja integrada, assim como o e-book na Amazon.
Lembrando que a estreia oficial é dia 30 de agosto e que as entregas podem sofrer atraso por causa das complicações da pandemia.
Espero que vocês tenham se interessado e espero que gostem da leitura!
Deixem avaliações, me mandem mensagens e perguntas que eu vou amar ouvir e responder.
E esse mês de agosto é o mês de Transmorfo lá no youtube e no meu instagram (@bettinawinkler.pdf) então fiquem ligados para mais informações sobre o livro.
Oi, gente. Hoje eu vou explicar um pouco sobre a escrita de contos. Muitas pessoas, até mesmo as que já escreveram livros, têm algumas dúvidas sobre a escrita dessa narrativa de forma mais concisa. Às vezes, escrever uma história em poucas palavras pode ser bem complicado.
MEU PROCESSO
Esse é o meu processo mais diferente e aleatório de todas as coisas que eu escrevo. Ao contrário dos livros e dos roteiros, eu não consigo planejar os meus contos. Normalmente funciona assim: eu tenho uma ideia, se ela grudar a ponto de eu ficar remoendo as mesmas cenas por horas, eu sento e escrevo de uma vez só. Depois daí é só revisão, revisão, revisão e sem o intervalo de tempo que eu geralmente dou para os livros. Posso escrever e revisar tudo no mesmo dia.
Por exemplo. A minha amiga maravilhosa, Izzie, começou um grupo de escrita com algumas amigas para que a gente se incentivasse a escrever dentro de um determinado prazo. Para ser mais especifica, foram duas semanas. E o formato obrigatório da primeira semana foi justamente conto O que aconteceu foi que eu tive três ideias com o passar do tempo e nenhuma delas grudou o suficiente para que eu as desenvolvesse. A quarta ideia veio na madrugada do dia do prazo, eu remoí por horas e só no outro dia de manhã escrevi e revisei.
Então, qual é o meu processo de escrita de contos? Ele é praticamente indefinido. Os meus contos que estão disponíveis na Amazon foram todos pensados graças a temas de antologias. Alguns passaram e outros não e, ainda assim, todos foram aprimorados depois dos editais. Lembrando que para antologias, um número máximo de palavras ou caracteres é sempre estabelecido. Leia o edital!
Isso acontece porque normalmente eu dou prioridade a desenvolver livros a partir das minhas ideias. Claro que grande parte não é complexa o suficiente para virar um romance e são elas que mais tarde se tornam contos ou curtas. Mas a verdade é que normalmente eu procrastino escrever as coisas menores justamente por serem mais rápidas e é por isso que meu processo com os contos é tão indeterminado. Por que começar isso agora se eu sei que posso fazer em três horas? É por aí que vai. Não, eu não apoio essa prática, mas é o que funciona para mim.
DICAS
Faça uma premissa e parta daí.
Apresente o incidente incitante da história o mais rápido possível. Se puder fazer isso no primeiro parágrafo, faça.
Apresente os personagens através de situações, diálogos e etc. Não desperdice palavras descrevendo os personagens em excesso, já os introduza nas ações.
Seja específico. Principalmente quando você tiver um limite de palavras.
Faça a história se passar num curto período de tempo. (De novo: principalmente se você tiver um limite de palavras). Se pergunte: É mais fácil descrever os acontecimentos de um dia ou de um ano dentro do espaço de 500 palavras?
Lembrando que nada disso são regras! Adapte o que for melhor para você e sua escrita.
YOUTUBE
Vocês têm vontade ou já escreveram um conto? Me conta aí nos comentários!
Com grande influência da escrita de Cassandra Clare, Jornada da Morte é o primeiro livro da série Grim Reaper, escrito por Nick Exaltação e, eu, Bettina Winkler.
Conta a história de Amy Buckley, uma menina entediada com seu cotidiano que muda de vida drasticamente após a um grave acidente cujo foi a única sobrevivente. Um ser encapuzado passa a segui-la e a morte se torna uma constante em sua vida.
Mas o que isso quer dizer?
MITOLOGIA
A mitologia de Grim Reaper — apesar de fortemente baseada em contos, mitos e lendas como Shinigamis e Anubis, além da típica figura ocidental do ser cadavérico que resgata as almas, — também conta com diversos elementos únicos a começar pela coletividade.
Não existe apenas um Ceifador, mas toda uma Dimensão, chamada a Dimensão da Morte, composta por eles e liderada por um conselho de Ceifadores anciões. Um sistema de coleta de almas foi criado, direcionando assim, cada Ceifador ao seu trabalho. Os nomes das almas aparecem e seus Livros da Morte e é assim que eles sabem qual alma resgatar.
Claro que, Amy, nossa protagonista, é uma exceção a essa regra, mas isso já é um pequeno spoiler.
Há os Túneis da Morte, ou seja do céu e do inferno (também chamado de Dimensão das Trevas), mas não são os Ceifadores que decidem onde cada alma deve ir. E há ainda almas devastadas, perdidas e condenadas a vagarem, sem rumo, pelo mundo dos vivos. Elas são diferentes dos Fantasmas do livro, que são uma junção de alma com demônio.
E falando nisso, a presença de demônios, tanto baseado em lendas, quanto criados por nós, também é importante de se mencionar. As Dracuns, por exemplo, que são demônios em formato de gárgulas e, normalmente, fazem o trabalho sujo de quem não quer sujar as mãos…SUSPENSE.
Em adição, ainda há as figuras misteriosas do Deus da Morte e do Senhor do Tempo, criaturas jamais vistas, mas fortemente respeitadas e com grande poder em mãos. Quem são eles? Bom, ninguém sabe. Ainda.
A maior autoridade do mundo dos Ceifadores é o Supremo Ceifador da Morte, o encarregado pelo Livro Supremo da Morte.
Para entender melhor, confira esse trecho:
“— Os nomes, locais, datas, só aparecem momentos antes das mortes. Depois que eu coleto as almas, esses registros desaparecem e vão para o Livro Supremo da Morte. É um livro maior que fica na Dimensão da Morte, e é nele que estão todos os registros, de cada alma e o túnel para onde vão.
— Túnel?
— Existem dois. O túnel do Inferno e do Céu. Os nomes das almas aparecem com os seus respectivos túneis. — Ele responde.
— Quem cuida do Livro Supremo da Morte?
— O Ceifador Supremo. Há muito ainda que você precisa entender sobre o meu mundo.”
Nesse mundo de fantasia há regras, vocabulário próprio e muitos mistérios.
LOCAÇÕES
A história se passa em São Francisco, Califórnia. E apesar de Nick e eu nunca termos pisado nos Estados Unidos, foram feitas muita pesquisa e muitas viagens pelo Google Maps.
Além da constante neblina que encobre a cidade californiana, locações como a ponte Golden Gate, a Prisão de Alcatraz, Grace Cathedral o Museu Exploratorium são peças chaves na história e tem importância fundamental na construção do plot, fazendo com que fosse impossível que a ambientação acontecesse em qualquer outro lugar.
PUBLICAÇÃO
Em 2015, Jornada da Morte foi publicado por uma pequena editora e em 2017 a sua continuação, O Deus do Caos, também. Mas, logo a editora fechou e o livro parou de ser produzido.
Confira aqui a história da nossa publicação.
Mas, em 2020, colocamos a versão digital dos livros de volta na Amazon e estamos prestes a fazer versões físicas independentes! Isso mesmo, Grim Reaper está de volta!
E isso significa que muito em breve também voltaremos a trabalhar no último livro da trilogia, tão esperado e desejado por nossos leitores.
Minhas pernas doíam, o estômago se embrulhava e a boca estava seca, como se tivesse comido areia morna. Tudo fruto da festa da noite passada.
O sol já havia nascido há algum tempo quando cheguei ao cemitério. Felizmente, não era muito longe de casa e eu sabia que o enterro já havia começado.
Observava de longe, escondida atrás de uma árvore, aquelas pessoas lamentarem a morte daquele homem nojento e terrível enquanto o pastor entoava palavras de amor e compaixão que me enojavam. Como poderiam amá-lo quando ele me tocou quando não deveria, onde não deveria? Já fazia alguns anos, mas ainda me assombrava quando fechava os olhos ou quando o toque vinha de outro.
Tentei descobrir qual daquelas mulheres chorosas, de óculos escuros, era casada com ele. Será que ela sabia que agora estava livre?
A pior parte era ver o meu pai no meio deles. Como ele poderia estar ali quando ele sabia? E se ele não sabia, como poderia não saber? Estava tão óbvio… aconteceu debaixo de seu nariz, dentro de sua casa, cometido por seu colega de trabalho e amigo de bar.
Que ele queime no inferno.
Sorri de novo sem que nenhum tipo de remorso me atingisse. Estava cansada do remorso. Tudo que sentia era alívio.
Agora que havia me certificado que era real, virei as costas e comecei a ir para casa, mas algo na esquina seguinte me impediu de continuar.
Reconheci o topo da sua cabeça castanha e suada ao se curvar para vomitar na beira da calçada.
Dessa vez a culpa me alcançou. Era ele! O garoto que havia me tocado durante toda a noite anterior.
Expulsei o sentimento de mim. Aquilo não era a mesma coisa. Eu havia permitido que o fizesse. Além disso, foi diferente, carregado de uma ternura que havia me surpreendido mesmo na embriaguez e no desconhecido. Tinha beijado minha testa enquanto esperávamos na fila para comprar bebida, acariciado meus cabelos quando fiquei sonolenta, me abraçado durante o tempo em que dançávamos na pista.
Eu disse ao meu cérebro: Não, isso não é a mesma coisa.
Me aproximei devagar enquanto ele limpava a boca com as costas da mão. Já ia cumprimenta-lo quando ele sacudiu as mãos para mim.
— Gostaria muito que não tivesse me visto assim — riu, sem graça, afastando os cabelos grudados na testa.
— Você está bem? — perguntei, olhando ao redor em busca de um vendedor de água, mas é claro que não haveria ninguém vendendo nada a uma quadra de distância do cemitério local.
Ele cuspiu no chão e tirou do bolso um pacote de balas de hortelã. Enfiou uma na boca e me ofereceu outra. Minha boca de areia salivou. Aceitei o doce e agradeci.
— O que faz aqui? — perguntou primeiro que eu.
Escondi a bala na bochecha esquerda antes de responder:
— Moro a duas quadras daqui, mas estava… fazendo uma visita.
— Veio direto da festa? — questionou, me observando.
Dei de ombros, fingindo indiferença.
— E você?
— Isso vai parecer muito mórbido, mas estou indo a um enterro. — Ele apertou os lábios rechonchudos como se estivesse ainda mais constrangido por aquilo do que pelo vômito.
— E veio direto da festa? — repeti sua frase, causando-lhe uma risada afetada.
— Eu precisava me distrair… por isso fui a festa. Se quer saber, você ajudou bastante. — explicou.
— Eu sou mesmo uma boa distração — comentei, sem querer, soando mais magoada do que engraçada. Ele percebeu também.
— Não é exatamente do que eu te chamaria. Pretendia te chamar para sair um dia desses, mas depois desse nosso encontro, — sinalizou o espaço entre mim e ele como se apontasse para o tempo presente — descartei a possibilidade, por causa de todo o vômito, do enterro e tudo mais.
Eu ri.
Depois de alguns segundos de silêncio, analisei o seu rosto que observava além de mim, como se pudesse enxergar o cemitério dali.
Um pensamento pairava sobre minha cabeça, terrível demais para que eu perguntasse. Mas agora o meu estômago estava ainda mais embrulhado e a bala em minha boca ficava cada vez mais enjoativa. Eu seria a próxima a vomitar.
— Está triste? — sondei.
— Claro que sim, — respondeu de um jeito ensaiado, desprovido de emoção.
— Está? — forcei a pergunta, exigindo mais do que aquela resposta. Queria cuspir a bala.
— Tenho que estar. Estou triste, mas também estou aliviado. — Confessou de uma vez. — Vim por causa da minha mãe, entende? Mas estou aliviado. — Sua frase soou como um balbucio.
Senti o gosto da bile.
— Aliviado? — repeti com dificuldade.
— O meu pai… ele não era um cara legal. — Ele baixou os olhos e disse mais algo que não consegui ouvir. — É melhor eu ir… já começou faz um tempo.
Anui e voltei a andar. Não me despedi e nem olhei para trás, mas senti seu toque quente em meu ombro e congelei.
— Eu te ligo.
Sua mão se demorou ali e senti a assimetria do toque com a lembrança das mãos dele, me esforçando para lembrar que aquele garoto não era o seu pai, assim como eu não era o meu. Meu corpo relaxou com a realização e mesmo sabendo que não deveria, cheguei à porta de casa com um tipo diferente de sorriso, carregado da leveza do fantasma do toque afável, concedido. Questionei a temporariedade, antes tão determinada, como normalmente acontece nas festas, daquilo que poderia não dar em nada, mas que ainda assim já era algo.
Sentindo o vento frio, resquícios da madrugada, com os braços ao redor do meu próprio corpo, percebi que pertencia a mim mesma a ponto de sorrir quando não devia e ser tocada apenas quando desejasse.
Oi, gente. Hoje eu vim falar um pouco do meu processo para a escrita de roteiros.
Em diversos lugares você vai ouvir dizer que um roteiro é escrito em etapas. Essas etapas não são regras, são sugestões pensadas para facilitar, mas também é possível pular algumas ou fazer fora de ordem.
Logline, storyline, argumento, escaleta, roteiro. Essa é a ordem que normalmente é recomendado seguir.
Mas não é bem assim que eu, pessoalmente faço, na prática. Principalmente, guiada pelo fato que eu tenha ideias em pedaços. Assim como na escrita dos meus livros, eu gosto de planejar um pouquinho, escrever um pouquinho e assim sucessivamente, dividindo todo o processo em blocos. Talvez isso faça com que o meu processo seja um pouco mais demorado, mas é o que funciona para mim.
A IDEIA
Primeiro eu tenho a ideia que é basicamente só uma premissa do que eu quero desenvolver.
Inventei uma historinha com o propósito de usar como exemplo:
Não é exatamente uma logline porque não tenho ainda meu conflito e meu adversário. É exatamente por esse motivo que não posso desenvolver também minha storyline já que não faço a menor ideia de qual será minha resolução ainda.
Por isso, depois da ideia eu jogo todas as informações que pensei sobre a história numa folha de brainstorming. É importante, principalmente, conhecer melhor os personagens, se não, a história não anda já que faltam várias pernas que a sustente ainda.
ARGUMENTO
O Argumento é onde o roteiro se desenvolve, onde toda a história é escrita (sem os diálogos e sem indicações de lugar e dia). É como se fosse um livro, descrevendo a história de forma visual. É uma etapa importante e, se você for tentar vender sua história, é um documento essencial que alguns produtores podem te pedir. Um edital com certeza vai te pedir.
Mas eu pulo essa etapa também.
BEAT SHEET
Antes de escrever o argumento, eu escrevo um beat sheet, que é uma lista resumidas de todas as cenas. Tudo que for ação e reação é considerado um beat.
Para mim é importante, enumerar antes de desenvolver.
Vamos supor que seja o roteiro de um curta, o primeiro bloco do meu beat sheet seria assim:
ESCALETA
Depois do argumento, temos a escaleta que, acompanhada do cabeçalho indicando lugar e hora, detalha mais as ações dos personagens. Lembrando que nessa etapa os diálogos ainda não são inseridos.
E por aí vai.
Ao fim da escaleta, fica mais fácil para mim excluir os cabeçalhos e transformar o que eu escrevi em um argumento, só pelo objetivo final de ter todos as etapas documentadas mesmo.
ROTEIRO
Depois da Escaleta fica mais fácil desenvolver um roteiro propriamente dito.
DE VOLTA AO BEAT SHEET
Ao chegar a certo ponto que ainda não foi planejado, posso voltar ao beat sheet e ir adicionando novas cenas.
Para mim é mais fácil desenvolver o final da trama ao conhecer um pouco mais do personagem na prática.
ESTRUTURA DE 3 ATOS
Vale lembrar que é importante seguir certa estrutura. Dividir a trama em 3 atos, por exemplo, normalmente facilita mais a escrita da história e é um processo natural na maioria das narrativas, a não ser que você queira muito fugir do convencional. Lembrado que sua história pode ser extremamente inovadora e ainda seguir essa estrutura.
Recentemente, eu resolvi dar início a um quadro no meu canal do Youtube chamado #rolenaestante e, para o primeiro vídeo, eu e autora Marie Pessoa decidimos mostrar algumas das autoras nacionais na nossa estante (física e virtual).
Confira um pouco sobre elas nesse post.
AS AUTORAS
MARIE PESSOA
(@marie.escritora)
Marie é escritora e jornalista, seu livro de estreia se chama Vertigo e está disponível na Amazon. Além de ficção e reportagens, Marie também escreve textos e resenhas em seu blog (mariepessoa.com).
VERTIGO: É um romance erótico que aborda temas como relacionamentos abusivos, amor próprio e feminismo.
Juliana Daglio é psicóloga e autora de diversos livros: Uma canção para a Libélula, a série O Lago Negro e seu suspense recém publicado pela Bertrand Brasil: Lacrymosa. Além disso, escreveu diversos contos e participou de várias antologias, sendo organizadora também de Postumus – Relatos Sombrios.
LACRYMOSA: Valery Green fugiu de casa aos 16 anos e construiu uma nova vida bem longe do Brasil, tudo isso para fugir do mal que a persegue. E continua perseguindo. Mesmo depois de tantos anos, Valery ainda precisa lutar para manter as pessoas ao seu redor ao salvo por causa de um dom misterioso.
JADNA ALANA
(@escritora.jady)
Jadna é uma autora de fantasia publicada pela Editora Coerência. Alguns de seus títulos são A Princesa de Ônix, O Retorno do Príncipe e o Riacho do Jerimum, ambientado num mundo de fantasia no Nordeste.
Em breve, lançara uma nova fantasia distópica intitulada de Para Onde Vão as Sombras.
NICK EXALTAÇÃO
(@nickexaltação)
Formada em Letras, autora da série Grim Reaper e de diversos contos disponíveis na Amazon, Nick escreve também poesias e seus livros O Livro das Sombras e Lembranças são poesias resgatadas do Tumblr com o passar dos anos e falam de sentimentos profundos.
Confira um trecho:
“Eis que eu sou aquela que se escondia nas sombras
Eu que vivia como um fantasma vagando por essa terra, hoje escrevo poesia.”
MICHELLE PEREIRA
(@michellepereirass)
Michelle Pereira é autora do Guardião do Medo e do Demônio do Campanário além de vários contos sensacionais. A Michelle é muito talentosa também como designer e tem micro contos disponíveis para leitura em seu perfil do Instagram.
YOUTUBE
INDICAÇÕES DA MARIE
Não esqueçam de checar também o vídeo da Marie que, aliás, eu só tenho a agradecer por topar essa parceria comigo.
E eu quero saber de vocês. Quais autoras nacionais vocês têm na estante? Participem comigo e com a Marie e poste uma foto ou um vídeo mostrando autoras nacionais. Usá lá a tag #rolenaestante para a gente poder ver e compartilhar as indicações de vocês.
Você terminou de escrever o primeiro rascunho do seu livro e não sabe o que fazer em seguida? Então esse post é para você.
Ao terminar de escrever o meu primeiro livro, pensei que a parte mais difícil já tinha passado, quando na verdade, escrever o primeiro rascunho é a parte mais fácil de todo o processo literário.
Algumas pessoas podem até não concordar comigo sobre ser a parte mais fácil, mas com certeza, é a parte mais divertida.
De qualquer forma, para chegar do primeiro rascunho até a publicação há algumas etapas essenciais a serem seguidas.
5 ETAPAS PARA PUBLICAR O SEU LIVRO
1 .Revisão
Existem vários tipos de revisão. Depois de deixar o seu livro descansando por um tempo, faça uma leitura crítica da sua obra, acrescente ou elimine cenas, procure por furos no plot e inconsistência dos personagens. Conserte e adapte o que funciona melhor para a sua história.
Em uma nova revisão, procure por erros de gramática e ortografia. Em seguida faça uma última revisão para que o texto fique mais fluido.
Pessoalmente, eu faço todas as revisões ao mesmo tempo o que, definitivamente, não é ideal já que a minha mente fica focada em erros de diferentes tipos. Isso faz com que eu revise inúmeras vezes, muito mais do que três. Não recomendo o meu método para ninguém, mas infelizmente, minha mente funciona dessa forma.
Revise quantas vezes achar necessário, mas lembre-se de abandonar o perfeccionismo. O livro sempre terá erros se você procurar. É preciso estabelecer um limite para que você não fique eternamente preso na revisão.
2. Leitores Betas
A leitura Beta é mais um tipo de revisão, porém diante do olhar de uma pessoa de fora. Um leitor enxergará o livro diferente do jeito que você, autor, enxerga. Por isso é importante consultá-los. Peça a pessoas da sua confiança para que leiam seu livro. Elabore um questionário para que o seu leitor beta possa responder no final e peça sua opinião sincera sobre a história. Às vezes, ele pode enxergar um erro imperceptível para você.
3. Registro de direitos
Para alguns, essa etapa é desnecessária, mas considero o registro de direitos muito importante.
Se você pretende mostrar a sua história para o mundo, é bom se certificar de que a sua história está segura, tanto para não roubarem a sua ideia quanto para que não te acusem de plágio.
No site da Biblioteca Nacional há um formulário que você deve imprimir e preencher. Juntamente com o formulário, anexe o comprovante de pagamento do GRU (também disponível no site, assim como uma tabela de preços), cópia de seus documentos e o seu livro impresso com páginas enumeradas e assinatura ou rubrica em TODAS as folhas.
Chegou a hora de tomar uma decisão sobre o tipo de publicação que você quer para o seu livro: tradicional, paga ou independente.
Para isso é necessário muita pesquisa.
Para que seu livro chegue até as editoras tradicionais (as grandes como Rocco, Record, Companhia das Letras, etc.) é necessário procurar um profissional especializado e/ou agência literária.
Na publicação paga, feita com editoras menores, é preciso ter, bom, dinheiro, claro. Mas lembre-se de pesquisar muito, olhe no site do Reclame Aqui e procure conversar com autores da Editora escolhida para saber se vale a pena investir.Não esqueça também de procurar saber sobre a distribuição em livrarias e como será o retorno financeiro (através de porcentagem de direitos ou uma quantidade de livros para revender)
Se você optar pela publicação independente, vai precisar investir dinheiro também. Contratar um revisor e um capista é essencial para que o seu produto tenha qualidade antes de ser publicado. Se possível, procure também uma assessoria literária para te ajudar com a parte do marketing. Você também precisará decidir se seu livro estará disponível apenas digitalmente (em Plataformas como a Amazon ou Wattpad) ou se optará pelo formato impresso. Para isso uma nova pesquisa deve ser feita para encontrar a melhor gráfica para você. Isso vai depender também da quantidade de livros que você pretende imprimir.
5. Publicação
Durante o processo de publicação algumas etapas vão acontecer: revisão, copidesque, confecção da capa, etc. Tudo vai depender do tipo de publicação escolhido.
Antes da publicação invista seu tempo em marketing, especialmente o digital feito através das redes sociais. Se escolher publicar através de editoras não conte apenas com a divulgação feita por ela. Venda seu peixe!
YOUTUBE
Confira o meu vídeo de dicas de como NÃO publicar o seu livro, baseadas em experiências que já tive com o mercado literário.
E aí, curtiram as dicas? Estão pensando em publicar um livro? Conta para mim nos comentários.
Para quem não sabe, eu estava cursando o quinto semestre da faculdade de cinema (O corona vírus deu uma atrasada nos planos). E assim que a gente entrou no curso, foi pedido que escrevêssemos roteiros sem nem ter tido aula de roteiro ainda. É eu sei, não faz sentido. E a primeira coisa que notei nas pessoas foi que todo mundo tentava escrever os roteiros do jeito que elas liam livros, isso porque é natural tentar imitar o que a gente já conhece a escrita. Todo mundo já leu um livro, mas poucas pessoas já leram um roteiro. Até mesmo na faculdade de cinema.
Enfim, a questão é que a diferença está não somente na estrutura, mas no jeito de escrever, no foco e função de cada um.
Eu já escrevi 6 livros, 6 curtas, 1 web série de 6 episódios e 1 longa… e meio. E eu não sou nenhuma expert no assunto e ainda tenho muito a aprender. Ainda assim vou falar as principais dicas que diferenciam um livro de um roteiro.
MOSTRE, NÃO CONTE
Se você já procurou dicas de escrita você provavelmente já ouviu alguém dar o famoso conselho “show, don’t tell” “mostre, não conte”. Se isso já se aplica a literatura, imagina no roteiro. Nos livros você tem a opção de mostrar o que os personagens estão pensando, detalhar sua linguagem corporal, narrar os seus sentimentos e contar quando estão mentindo e porque estão mentindo. No roteiro nada disso é descritível, tudo tem que ser mostrado com ações. Fulano de tal não está apressado, fulano de tal está correndo. Fulano de tal não está triste, fulano de tal está chorando. Fulano de tal não está nervoso, fulano de tal está roendo as unhas. Dá pra entender? Tudo tem que ser mostrado.
2. ESTRUTURA
Na literatura escrevemos no que é chamado de prosa, no caso, se você estiver escrevendo um romance. Lembrando que romance é uma história completa de um livro e não o gênero romance. Romance pode ser fantasia, suspense, terror.
No roteiro a estrutura é toda pensada para a ação de gravar. Você precisa indicar onde a cena vai acontecer, se é num lugar externo ou interno e em que hora do dia. Quando um personagem fala, você precisa indicar quem está falando com o nome antes do diálogo. Acredito que talvez seja por isso que uma das etapas da escrita do roteiro seja o argumento, onde você pode deixar a estrutura de lado e escrever mais livremente, sem essas indicações, como se fosse realmente um livro (lembrando que digo isso apenas em termos de estrutura) e só mais tarde, na escaleta, detalhar espaço e horário nos títulos.
3. TAMANHO
Como um roteiro não descreve nem pensamentos e nem sentimentos, no fim, as páginas são em menor quantidade. Já escrevi roteiros de uma folha para um curta metragem!
Em média, um longa tem 100 páginas. Em média, um livro tem entre 200 e 400 se não for alta fantasia ou um gênero mais complexo. É por isso que quando acontece uma adaptação cinematográfica, muitas coisas são cortadas do livro para o cinema. Se um roteiro tiver 300 páginas, o filme teria bem mais que 3 horas. Nem todos podemos gravar um The Irishman, né?
Pessoalmente, o meu processo de escrita para os dois tipos de textos segue linhas bem diferentes, apesar de sempre optar por começar por um outilne, ou beat sheet no caso dos roteiros. Os roteiros passam por mais etapas enquanto os livros passam por mais revisões. Tudo isso é do meu ponto de vista e da minha experiência como escritora. Acredito que é diferente para cada pessoa.
E na sua opinião quais são as principais diferenças entre escrever livros e roteiros? Já teve a experiência de escrever nos dois formatos ou em outros formatos de texto? Me conta como foi.
Esse texto é fruto de um trabalho que fiz para a aula de Teorias do Cinema no quarto semestre da faculdade de Cinema e Audiovisual. Aborda um dos meus filmes favoritos “Antes do Amanhecer” sob a perspectiva da Teoria Realista, além disso é um texto que me deixou muito orgulhosa e que me deu muito prazer em redigir, refletindo assim na maravilhosa nota que me foi dada por uma professora incrível que tem minha gratidão e é alvo de minha inspiração até hoje.
Não sou nenhuma expert no assunto, não sou crítica de cinema nem nada do tipo, mas a partir de várias pesquisas e leituras, além das aulas anteriormente mencionadas, pude juntar a teoria com o tipo de filme que eu sonho um dia poder fazer.
A Teoria Realista é fortemente retratada na trilogia “Before” e expliquei um pouco dos motivos, tomando como referência o primeiro filme.
Sinopse
Jesse, um jovem americano, e Celine, uma linda francesa, se conhecem no trem para Paris, e começam uma conversa que os leva a fazer uma escala em Viena e ficar um pouco mais juntos, sem imaginar o que o destino os reserva.
O TEXTO
Antes do Amanhecer é o primeiro filme da trilogia “Antes” lançado em 1995, dirigido por Richard Linklater produzido pelos Estados Unidos, Suíça e Áustria. A obra conta a história de Celine e Jesse, interpretados por Julie Delpy e Ethan Hawke, um casal que se conhece em um trem com destino a Paris. Eles entram em uma conversa interessante e, apesar do encontro breve, decidem passar mais tempo juntos. Jesse convence Celine a descer do trem em Viena e passar a noite com ele enquanto aguarda por um voo marcado para a manhã seguinte. Juntos, eles adentram numa cadeia de conversas profundas e questionamentos sobre ciência, sociedade, costumes, a vida de forma geral e abrangente, resultando no florescer de um romance.
O “cinema da alma”
O longa é carregado de propriedades fincadas na teoria realista, defendida por teóricos como André Bazin e Siegfried Kracauer, que prezavam pela transformação da realidade em história. A todo momento, essa é a sensação que o filme transmite ao espectador, a ilusão de tempo real sendo vivido, ou de “verdadeira continuidade” como diria Bazin.
Desde o começo, é mostrada a paisagem pela janela do trem, seguida de planos sequências que acompanham o movimento e os diálogos dos personagens, assim como o uso de planos over the shoulder, sempre incluindo um personagem e a sombra do outro, dando a ideia de que a câmera está ali apenas de um ponto de vista observativo contemplando a conversa dos dois. Era o que Bazin acreditava ser o “cinema da alma” que qualificava o cinema como um reflexo da alma do cineasta, fazendo da câmera uma mera observadora.
PLANOS E LOCAÇÕES
As propriedades técnicas do cinema são utilizadas para apoiar a sua função básica que seria mostrar o mundo ao espectador. O universo apresentado nesse caso é um mundo cotidiano, desde o encontro dos protagonistas no trem até o passeio pela cidade de Viena, sempre dando destaque as paisagens e pontos turístico, utilizando de movimentos de câmera como panorâmica de cima para baixo para localizar os personagens. A Roda Gigante (Riesenrad), o Kleines Café e o museu Albertina são alguns dos lugares que os protagonistas visitam.
PLANOS LONGOS E O ROTEIRO
O roteiro deles é espontâneo. Logo quando Jesse e Celine chegam em Viena, eles entram em um bonde que anda pela cidade. Essa cena é um dos muitos planos sequência que seguem os personagens enquanto o diálogo acontece, um jogo de perguntas que os ajuda a se conhecerem melhor. São mais de cinco minutos seguidos, sem cortes.
A obra conta frequentemente com o uso de planos longos, sejam eles com diálogos ou em silêncio, muitas vezes utilizando o movimento do travelling. Esses planos longos se repetem em diversos momentos, como por exemplo, na cabine de som enquanto ouvem uma música e no parque de diversões enquanto andam e conversam. O filme sempre se utiliza de artifícios para evitar cortes na montagem, um dos principais princípios da teoria realista, defendida por André Bazin.
PROFUNDIDADE DE CAMPO
Outro aspecto descrito pelo teórico é uso da profundidade de campo e uma das cenas que apresenta essa técnica vem logo em seguida a de um plano sequência. Um poeta, artista de rua, para o casal na beira do lago para oferecer os seus serviços. A troca de foco ocorre dos protagonistas para o pedinte, sem utilizar nenhum corte, mudança de plano ou sequer movimento de câmera. Depois disso, Jesse e Celine seguem conversando enquanto o homem escreve o poema.
A CÂMERA QUE OBSERVA
Além disso, algumas técnicas, usadas para manter a sensação de que a câmera está apenas observando o mundo visível e fotografável, também são exploradas. Em alguns momentos a câmera segue os pés dos personagens para só depois mostrar os seus rostos, nesse momento a voz off é utilizada, um artifício que foge do aspecto realista, dessincronizando som e imagem, mas que não destoa da estética por criar a ilusão de acompanhamento dos personagens. Uma técnica similar também é utilizada quando o casal, filmado de costas, se afasta da câmera e a conversa continua em voz baixa até a mudança de plano ocorrer.
Outro momento em que a câmera se torna uma mera presenciadora é quando os personagens saem de cena e a imagem se mantém na mesma locação, criando a ilusão de que a filmagem estaria ocorrendo de qualquer maneira, mesmo se eles não tivessem passado por ali.
Há ainda a cena do restaurante, que segue essa mesma linha de observação do acaso, que apesar de contar com cortes, mostra pessoas aleatórias em seus cotidianos, interagindo — ou não —, comendo, bebendo e etc. Diversos indivíduos são exibidos antes da trama voltar para os protagonistas e dar continuidade a história. Mais uma vez é como se eles só estivessem ali por acaso e a câmera fosse continuar filmando a realidade independentemente de suas presenças.
TRILOGIA BEFORE
É válido mencionar também a existência dos os outros dois filmes da trilogia, Antes do Entardecer e Antes da Meia Noite, cada um com um intervalo de nove anos entre eles, lançados em 2004 e 2013 respectivamente. Essa característica é única e contribui um toque especial ao realismo imposto nessas obras já que os atores continuam interpretando os mesmos personagens só que mais velhos e com novas experiências de vida. Este aspecto, juntamente com os diálogos como peças centrais e fundamentais da obra, e a visão inovadora de um tema tão abordado como o amor, dão a Linklater um estilo único que pode ser associado a Política dos Autores, movimento que pregava pela valorização do estilo e ia de encontro a estrutura do cinema comercial. Os estudos de André Bazin tiveram grande influência nesse movimento, fazendo desse elemento mais um dos aspectos do realismo.
Toda trilogia mantêm o mesmo estilo realista repleto de diálogos, planos sequência, jogo de foco e profundidade de campo, panorâmicas apresentado outras locações, dessa vez em Paris e na Grécia.
A ARTE DO REAL
Antes do Amanhecer é uma obra audiovisual única, composta de elementos que aproximam o espectador do produto, os identificam num mundo verossímil e criam uma relação entre os protagonistas e quem os assiste, com o tempo passado para eles e o tempo real, dando a ilusão do cinema a característica de arte do real.
Manage Cookie Consent
To provide the best experiences, we use technologies like cookies to store and/or access device information. Consenting to these technologies will allow us to process data such as browsing behavior or unique IDs on this site. Not consenting or withdrawing consent, may adversely affect certain features and functions.
Functional
Sempre ativo
The technical storage or access is strictly necessary for the legitimate purpose of enabling the use of a specific service explicitly requested by the subscriber or user, or for the sole purpose of carrying out the transmission of a communication over an electronic communications network.
Preferências
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para o propósito legítimo de armazenar preferências que não são solicitadas pelo assinante ou usuário.
Statistics
The technical storage or access that is used exclusively for statistical purposes.O armazenamento técnico ou acesso que é usado exclusivamente para fins estatísticos anônimos. Sem uma intimação, conformidade voluntária por parte de seu provedor de serviços de Internet ou registros adicionais de terceiros, as informações armazenadas ou recuperadas apenas para esse fim geralmente não podem ser usadas para identificá-lo.
Marketing
The technical storage or access is required to create user profiles to send advertising, or to track the user on a website or across several websites for similar marketing purposes.